Investigações & Segurança Empresarial
O uso da investigação como ferramenta de segurança empresarial, na busca da verdade, e visando propiciar meios para uma tomada de decisão, quase sempre é desprezada. A razão está na complexidade e nas formas de entender a investigação em segurança empresarial.
Existem diversas situações onde se faz necessária a coleta de dados, apuração e informações, coligir provas, indícios, autoria e materialidade do cometimento de alguma infração penal, do descumprimento de normas internas, da localização de bens, materiais ou pessoas visando atender a necessidade da organização, e tambem verificar a autenticidade de informações prestadas.
A realidade empresarial convive com ameaças a continuidade dos negócios, já que inserida num amplo espectro de risco a que todo negócio está sujeito. Desfalques, fraudes, desvio de insumos e estoques, corrupção e uso e desvio de dados, registros e informações são algumas formas de agressões a que estão sujeitas as organizações.Em alguns casos o ataque é externo ,causado por alguém de fora da organização, mas em grande parte conta com a colaboração ou com a ação de agentes internos.Num mundo complexo onde a concorrência é acirrada, quando nem sempre a ética prevalece, torna-se necessário cada vez, mais dispor de informações antecipadas e avaliadas sobre pessoas, coisas ou empresas. Podemos então afirmar que o uso da investigação em segurança empresarial é uma realidade na proteção da organização.
A investigação privada não se confunde com aquela realizada pelos órgãos públicos, já que esta tem por objeto apurar crimes e apresentar à justiça. A investigação privada busca dados que permita a organização um processo de tomada de decisão estribado em apuração levada a efeito pela segurança empresarial. Lógico que na tomada de decisão pode ser adotada a medida de apresentação do fato à justiça, através da policia judiciária. Isso demanda no processo de investigação de uma maior cautela no desenvolvimento do procedimento, já que devem ser observadas as implicações legais decorrentes (ex. gravação clandestina de telefones) evitando-se que a investigação torne-se um problema para quem a determinou e quem a executa, fazendo com que todo o trabalho seja inócuo,além de implicações cíveis, criminais e trabalhistas que podem derivar da ação.
A investigação também é uma forma de produção do conhecimento. Produção do Conhecimento no sentido de coleta, análise e organização de dados e informações de forma organizada, criando mecanismos de avaliação sobre um fato com o máximo de aproximação da realidade. Cabe ao investigador utilizar-se dos métodos de conhecimento ( indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo) para organizar e desenvolver a atividade.
Investigar é um processo que demanda método, com início, desenvolvimento e fim, obrigando seus operadores a um esforço direcionado no sentido da exata dimensão do problema, sem “achismos” ou interveniências indevidas. O trabalho de investigação exige um “foco no problema”, e o estudo prévio das formas, meio e técnicas que serão utilizados em seu decorrer. O trabalho em uma investigação exige o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade, visando que se possa obter a verdade.
São inúmeras as formas de investigação que a organização pode precisar. Desde aquelas relativas a “due diligence”,até aquelas relativas a verificação de dados apresentados por pretendentes a vagas na empresa ou clientes de produtos,serviços ou negócios.Podem incluir-se ai aquelas destinadas a apuração de eventos na organização que podem variar de furtos até corrupção,passando por venda de dados e registros, pirataria de produtos, desfalques e outro delitos contra a empresa.Também podem ser usadas para a identificação de criminosos externos que estejam atacando a empresa através de golpes, fraudes ou chantagens.
As investigações podem ser conduzidas por pessoal próprio e/ou por terceiros, devendo sempre atentar para os fatores éticos e legais envolvidos. O supervisor da investigação deve estar atento para a segurança dos dados e provas coligidos que não podem “vazar”, sob pena de gerar inutilidade para a atividade.
A investigação pode servir-se de diversos modelos dependendo de seu objetivo. Pode variar da busca de fontes primárias de informação (Internet, Cadastros Comerciais, Cartórios etc.) chegando até as entrevistas, estas variando, se do próprio personagem alvo da investigação ou de terceiros que possam contribuir com informações sobre fatos e/ou pessoas. Para cada tipo de investigação existe um conjunto de fontes e métodos, devendo o profissional estar familiarizado com as mesmas já que a atividade não permite “erros”…
A investigação é um instrumento de informação e de ação para a empresa, possibilitando conhecer dos riscos e ameaças,podendo então avaliar a forma da “gestão de riscos”,e de providencias destinadas a neutralizar,conter ou eliminar o risco sobre o negócio.
Carlos Paiva – Especialista em SE;Vice Presidente do IBRASEM(Instituto Brasileiro de Segurança Empresarial)E-Mail: contato@ibrasem.com.br